Mesmo com projeções de um crescimento em torno de 3% da economia nacional para este ano, o cenário para empresários de Campinas é desafiador e preocupa. O Indicador de Falências e Recuperação Judicial da Serasa Experian revela que o número de pedidos de falência na cidade até setembro foi de 75, contra 35 do ano passado. Desse total, 35 tiveram a falência decretada, contra seis no ano passado.
Já os pedidos de recuperação judicial também cresceram, passando de 29 no ano passado para 61 neste ano. As pequenas e médias empresas são os mais impactados pela crise.
As concessões de recuperação judicial diminuíram. Em 2023, foram aprovados quatro pedidos, enquanto, em 2024, apenas uma empresa obteve o benefício até agora. Uma novidade, porém, foi a homologação de uma recuperação extrajudicial, algo que não havia sido registrado nos dois anos anteriores.
Para o especialista em Direito Empresarial e sócio do escritório Delazari, Berni, Iatarola, Häckel & Manzatto Advogados, Gabriel Berni, o aumento significativo nos pedidos de falências e recuperações judiciais em Campinas é reflexo de um cenário econômico ainda desafiador para pequenas e médias empresas, que enfrentam dificuldades de acesso ao crédito e pressão financeira.
“A recuperação judicial, embora uma ferramenta valiosa para a reorganização das empresas, tem enfrentado maior rigidez na concessão, o que pode limitar a capacidade de reestruturação. A homologação de uma recuperação extrajudicial, por outro lado, abre uma perspectiva interessante para negociações mais ágeis e menos custosas, mas exige planejamento estratégico e assessoria jurídica especializada”, explica ele.
A Lei nº 11.101/2005, que disciplina a recuperação judicial, extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária, passou por alterações significativas. Uma das inovações introduzidas foi a possibilidade de o devedor requerer a chamada tutela cautelar preparatória ao pedido de recuperação judicial.
“Essa medida permite que o devedor, antes mesmo de formalizar o pedido de recuperação judicial, solicite ao judiciário medidas urgentes para proteger seu patrimônio e viabilizar negociações com credores. Uma abordagem preventiva pode facilitar acordos e pagamentos parcelados, contribuindo para a reestruturação da empresa sem a necessidade imediata de ingressar com o pedido de recuperação judicial”, acrescenta o advogado. “É fundamental que empresários e gestores estejam atentos a essas possibilidades legais e busquem assessoria jurídica especializada para avaliar a viabilidade de tais medidas, visando a preservação da atividade empresarial e a superação da crise financeira.”
Incorporadora de Campinas vende empreendimento no RJ para a Brookfield
A Azo (ex QOPP) acaba de fechar uma transação no Rio de Janeiro. Após comprar o primeiro arranha-céu da América Latina no ano passado, com base em um plano de retrofit orçado em R$ 188 milhões, a incorporada de Campinas vendeu 97% das unidades do Edifício A Noite, para a canadense Brookfield, que também já atuou na região, com implementação de diversos empreendimentos residenciais.
O edifício está localizado na Praça Mauá, no coração da zona portuária carioca. O empreendimento foi adquiro junto à Prefeitura com objetivo de revitalizar a região. O prédio tem 447 apartamentos, dos quais a Brookfield adquiriu 434. As obras de recuperação devem durar dois anos. O plano da companhia canadense é destinar as unidades para aluguel de estadias de curta e média duração, aproveitando a oportunidade turística da cidade.
O plano de retrofit do edifício está orçado em R$ 188 milhões. A Azo continuará responsável pela execução do projeto até sua conclusão e permanecerá como dona da marca do A Noite. O valor da transação não foi divulgado, mas a Azo planejava lançar o A Noite em março com Valor Geral de Vendas (VGV) estimado em R$ 240 milhões.
A Brookfield, cujo portfólio no Brasil supera R$ 200 bilhões, ficará com 434 apartamentos do empreendimento, além de espaços comerciais, como restaurantes e lojas.
Rhodia investe R$ 275 milhões em projeto de descarbonização
A Combio Energia e a Rhodia assinaram contrato com foco em descarbonização industrial. O projeto prevê a construção de uma unidade de geração de energia térmica renovável, a partir de biomassa, com investimento inicial de aproximadamente R$ 275 milhões e geração de empregos na região.
A nova planta será instalada pela Combio junto à Rhodia, empresa do grupo belga Solvay, em Paulínia, com eficiência para produzir 125 toneladas de vapor por hora a partir da queima de um mix de bagaço de cana-de-açúcar e cavaco de madeira, combustíveis renováveis provenientes de fontes agrícolas e florestais. A tecnologia permite substituir a queima de combustíveis fósseis por biomassa para geração de energia térmica limpa, promovendo a descarbonização da indústria.
Com início das obras programado para o segundo trimestre de 2025 e início da operação previsto para março de 2027, a planta é projetada para reduzir cerca de 165 mil toneladas de emissões de CO₂ por ano. Além do impacto ambiental, o projeto também beneficiará a economia local, com a criação de mais de 250 postos de trabalho no pico das obras e uma equipe operacional permanente de aproximadamente 30 pessoas.
A iniciativa reforça a projeção da Combio para 2024, que estima evitar a emissão de 700 mil toneladas de CO2 na atmosfera junto a indústrias de diversos segmentos, o equivalente a cerca de 18 dias de emissões na cidade de São Paulo. Parte dessa redução será convertida em créditos de carbono. “A parceria com a Rhodia reforça nosso compromisso em oferecer soluções de baixo carbono para a indústria brasileira, impactando positivamente o meio ambiente, a sociedade e a economia, além de contribuir para uma matriz energética mais sustentável”, destaca Paulo Skaf Filho, CEO da Combio Energia.
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