No Brasil, milhares de mulheres enfrentam todos os anos a histerectomia — cirurgia indicada em casos como miomas, endometriose, sangramentos intensos e até alguns tipos de câncer. Para muitas, a solução chega depois de anos de dor, tentativas de tratamentos clínicos e forte impacto na qualidade de vida.
O que pouca gente sabe é que existe um método capaz de retirar o útero sem cortes no abdômen e sem deixar cicatrizes aparentes: a histerectomia vaginal. Embora seja uma técnica consolidada na medicina, ainda é pouco conhecida fora do meio hospitalar.
De acordo com dados do DATASUS, do Ministério da Saúde, o procedimento foi realizado 4.315 vezes pelo SUS em 2020 e 2.120 vezes em 2021. Números que revelam não apenas sua presença no sistema público, mas também o quanto ainda há espaço para maior divulgação.

Para a cirurgiã ginecológica e uroginecologista Dra. Débora Oriá, os benefícios vão muito além da estética. “A grande vantagem é que não há cortes no abdômen. Todo o acesso é feito pelo canal vaginal, o que diminui a dor no pós-operatório, traz um resultado estético sem cicatriz e permite uma recuperação mais rápida”, explica.
Outro diferencial está no tipo de anestesia. Diferentemente das técnicas laparoscópicas, que geralmente exigem anestesia geral, a histerectomia vaginal pode ser feita com raquianestesia e sedação leve. “A paciente não precisa ser entubada, o que torna o processo menos invasivo também nesse aspecto”, completa a médica.
Com a evolução da medicina, essa alternativa mostra que a histerectomia não precisa ser sinônimo de marcas permanentes. Mais do que uma solução cirúrgica, representa um avanço silencioso que pode mudar a experiência de milhares de mulheres no país.
Em quais casos é indicada?
A histerectomia vaginal pode ser uma boa opção principalmente para mulheres que apresentam prolapso uterino, quando o útero se desloca em direção ao canal vaginal. “Nessas situações, como as estruturas já estão mais expostas, o acesso cirúrgico se torna ainda mais favorável”, explica a Dra. Débora.
Existem limitações?
Apesar das vantagens, nem todas as pacientes podem se beneficiar dessa técnica. Casos de múltiplas cirurgias pélvicas anteriores, endometriose avançada ou doenças intestinais, como diverticulite, podem representar contraindicações. “O campo de visão do cirurgião é mais restrito, por isso o procedimento exige experiência e uma equipe bem treinada”, pontua a especialista.
Comentários: