No mês em que Campinas celebra 250 anos, a cidade recebe a Mostra Museu, projeto que ocupou as ruas de São Paulo durante a pandemia e que agora segue em um formato itinerante. Entre 24 de julho e 31 de agosto, os campineiros poderão visitar um rico acervo de 200 obras assinadas por artistas de 40 países, incluindo duas artistas locais: Ana Helena Grimaldi e Kate Manhães. As reproduções estarão expostas no Instituto Pavão Cultural, na Cidade Universitária, e no CIS Guanabara – Centro Cultural Unicamp, no Botafogo. A entrada é gratuita.
A Mostra Museu nasceu no auge da Covid-19 com o propósito de unir arte, música e tecnologia, dando visibilidade à produção artística gerada no período do isolamento social, com foco nas linguagens de artes visuais e música. A iniciativa, da Amarello Culturartexperiência, tem curadoria de Ana Carolina Ralston, e co-curadoria do The Covid Art Museum (eixo artes visuais) e Pedro Henrique França (eixo música), com os objetivos de democratização e acesso à arte. A exposição itinerante é resultado do financiamento público pelo Programa de Ação Cultural de São Paulo (ProAc SP).
A chamada aberta que convocou os interessados recebeu mais de 1,4 mil inscrições, com trabalhos produzidos a partir de 12 de março de 2020 (dia que foi decretado estado de calamidade pública pela OMS), no mundo todo, em dois formatos finais: vídeo e imagem. As obras visuais integram diferentes linguagens: criações digitais, desenho, design gráfico, pintura, fotografia, grafite, poesia visual, vídeo arte, colagem, instalação, performance, body art, entre outras manifestações híbridas.
Os 200 trabalhos selecionados pela curadora Ana Carolina formaram a maior exposição a céu aberto de São Paulo, em 2021, evidenciando a potência da criatividade e a capacidade de reinvenção também no universo artístico.
“Este ano, as obras, produzidas durante um período tão desafiador, por artistas de diferentes partes do mundo, extrapolam os limites da capital paulista. Já levamos as obras para Santos e, agora, elas chegam a Campinas, e conectam-se novamente aliadas a uma nova safra de trabalhos feitos por artistas das duas respectivas localidades”, detalha a curadora responsável pelo eixo das artes visuais.
Nessa itinerância, a Mostra Museu passa a ser apresentada sob dois temas: “Natureza Conecta”, que ocupará CIS Guanabara, e “Isolamento Criativo”, no Instituto Pavão Cultural. Na primeira, artistas de diferentes partes do globo utilizam-se do meio ambiental como estímulo para vincular-se ao seu universo interior. Já em “Isolamento Criativo”, são reunidas obras que têm como pilar o exílio como forma de produção.
“É por meio desse retiro em direção a uma conexão própria que, muitas vezes, alcançamos maneiras mais profundas de despertar a criatividade. A escolha das obras produzidas, sejam elas ligadas às artes plásticas, ao design gráfico, ao cinema ou à animação, trata sobre aprendizados coletivos e pessoais que períodos de grandes transformações como esse podem alcançar”, reflete Ana Carolina.
Música, tecnologia e sustentabilidade
“Cada obra tem um QR Code de acesso ao depoimento do artista, o que nos coloca uma perspectiva histórica importante, daquele momento no meio da pandemia, assim como revela os diferentes impulsos de criação de cada artista”, pontua Chiara Paim Battistoni, idealizadora da Mostra e diretora da Amarello Culturartexperiência.
No eixo música, o jornalista, diretor e roteirista Pedro Henrique França fez a curadoria das obras que reúnem criações de cerca de 20 nomes da música brasileira contemporânea. São canções e videoclipes que estão disponíveis na plataforma multimídia da Mostra Museu e no canal Spotify do projeto.
A Mostra Museu também tem um olhar para a sustentabilidade. Nas duas edições itinerantes, o projeto compensou a emissão de quatro toneladas de CO2, o equivalente a captura de carbono de 16 árvores, por meio do projeto Santa Maria, de preservação florestal da Amazônia.
Artistas locais
A artista visual e escritora Kate Manhães (@katemanhaes) desenvolve seu trabalho sob temas existenciais e sociais, aliados às questões formais. Sua pintura de tradição modernista, com uma desconstrução pós-moderna da narrativa, apropria-se da fragmentação e geometrias aproveitadas como cenários. A partir dos princípios que vão da ironia ao puro desgaste de uma ideia, desconstrói o corpo humano e propõe, assim, uma interpretação mais geral da humanidade.
A pesquisa de Ana Helena Grimaldi (@anahelenagrimaldi) se concentra na potência poética e conceitual encontrada na intersecção entre arte contemporânea e educação, com um trânsito de ida e vinda entre a sala de aula e o espaço expositivo, atuando como professora, artista e arte educadora. Coordenou a formação de educadores e a elaboração de materiais educativos em diversas exposições nas unidades do SESC de Sorocaba, Santo André, Bauru, Piracicaba, Jundiai e Ribeirão Preto. Recentemente coordenou o educativo da Casa de Eva (Campinas) e da Sala Hercule Florence, no MIS Campinas
Serviço
Mostra Museu: Arte na Quarentena
Quando: 24 de julho a 31 de agosto
Instituto Pavão Cultural (quarta a sábado, das 15h às 20h*)
Rua Maria Tereza Dias da Silva, 708 – Cidade Universitária / Barão Geraldo
CIS Guanabara – Centro Cultural Unicamp (segunda à sexta, das 8h30 às 18h)
Rua Mario Siqueira, 829 - Botafogo
Plataformas: www.mostramuseu.com.br I @mostramuseu | Spotify
Curadoria: Ana Carolina Ralston e co-curadoria The Covid Art Museum (eixo Arte), e Pedro França (eixo Música)
Idealização: Amarello Culturartexperiência
Edital ProAc SP 13/2023 - artes visuais / CIRCULAÇÃO DE EXPOSIÇÃO
(*) A visitação de escolas e grupos devem ser feitas a partir de agendamento:
Informação: (11) 98208-5636 / amarelo.projects@gmail.com
Comentários: