Portal de Indaiatuba

Terça-feira, 22 de Abril de 2025
Rádio Jornal
Rádio Jornal

Colunas/FONTES EDUCACIONAIS

Alice, o Relógio e o Coelho…

Por Gabriela Dimárzio

Alice, o Relógio e o Coelho…
IMPRIMIR
Use este espaço apenas para a comunicação de erros nesta postagem
Máximo 600 caracteres.
enviando

Com licença, você poderia me ajudar?” disse Alice ao Gato. “Sim, pois não…” - ele respondeu. “Para onde vai essa estrada?” - a menina questionou. “Para onde você deseja ir?” - foi a resposta em forma de nova pergunta. “Eu não sei, estou perdida!”, ela assumiu. Antes de sumir e deixar apenas seu sorriso enigmático, o gato sentenciou: “Para quem não sabe aonde vai, qualquer caminho serve…

O parágrafo acima é uma paráfrase livre de um dos meus livros favoritos: As Aventuras de Alice no País das Maravilhas. Hoje ele é conhecido como uma obra infantil,sobretudo associado à animação da Disney na década de 50, mas na sua época de publicação, em julho de 1862, foi, na verdade, uma ferrenha crítica ao momento político pelo qual a Inglaterra passava. Sua importância é reconhecida até hoje, tanto que essa obra está na lista de leitura obrigatória do vestibular da Unicamp. Por isso, caro leitor, recomendo essa leitura com olhos diferentes da perspectiva infantil e você será inundado de profundas reflexões. Já adianto… se tiver coragem para esse mergulho, não tem como voltar para a superfície!

Para quem não sabe aonde vai, qualquer caminho serve…” é sobre isso que falaremos, mais especificamente, sobre como o planejamento de estudos e de leitura é fundamental para o êxito em processos avaliativos, sejam eles escolares ou para admissão em cursos técnicos e universidades. Há quase 15 dias estávamos em ritmo de Carnaval e para muitos estudantes a volta desse período festivo foi marcada pelo início das avaliações escolares. Sem planejamento, sem um caminho, estudar parece sem sentido. Então, o que fazer?

O primeiro passo é organizar uma lista com todas as atividades da semana, o que inclui compromissos fixos e extracurriculares, desde o treino de futebol ou dança, até aquelas que são consideradas importantes para a família, como compromissos religiosos, encontros familiares, entre outros. Feito isso, é preciso olhar a agenda da semana como um todo, encaixando tais atividades e o horário regular das aulas. Parece algo simples, mas muitos pais não fazem isso com os filhos, e essa visão holística da semana fica subentendida, quando - na verdade - torna-se abstrata para a criança ou adolescente.

Uma vez que a agenda está previamente preenchida, é hora de analisar os espaços “em branco”. Determinar horários fixos para tarefas de casa, contribuição nos afazeres domésticos de acordo com a idade, momentos de lazer, leitura e descanso. É imprescindível que haja espaço para o “nada”, para o “ócio”, o “brincar” longe das telas. São nos momentos em “branco” que crianças e adolescentes podem experimentar o tédio e desenvolver a criatividade como uma resposta a ele. Não precisamos ser como o Coelho correndo atrás de seu relógio inquisidor. Ter organização de horários, não é o mesmo que ser consumido por ele. Alguns pais se preocupam em dar para os filhos diversas atividades durante a semana, como se isso fosse positivo 100% das vezes. Na maioria, não é. Agendas lotadas geram crianças e adolescentes estressados e cansados. Precisamos respeitar o tempo de maturação cerebral de cada fase do desenvolvimento infanto-juvenil. A chave é, sem dúvida, o equilíbrio.

Mas esse ponto assertivo não é automático e nem mesmo igual para todos. Logo, a visualização é uma forma de materializar o tempo necessário para cada etapa e ensinar aos nossos filhos e alunos conceitos importantes como responsabilidade, organização e planejamento. Perdeu uma aula? Converse com o professor, veja qual matéria foi abordada, faça as lições em atraso, ensine-o a ter iniciativa. O mesmo vale sobre como aproveitar o tempo de descanso com qualidade.

Nesse quesito, entra a leitura… Uma dúvida comum que me perguntam é como incentivar em nossos filhos e alunos o hábito da leitura. O início, sem dúvidas, é ter materiais de leitura diversificados disponíveis e visualmente acessíveis. Não adianta, por exemplo, colocar uma prateleira linda de livros a uma altura que não seja viável para as crianças… ou ter uma estante em que o livro faz parte da decoração e não algo que o adolescente possa mexer, pegar, folhear, interagir. O livro deve ser consumido. Degustado… para leitores mais vorazes, talvez devorado. Contudo a fome pelas linhas e suas histórias começa com pequenos hábitos. Cada fase vai exigir um acompanhamento diferente.

Para crianças pequenas, a mediação de uma pessoa mais velha é essencial. Além de ver suas referências adultas lendo, esses mesmos tutores devem ler constantemente para seus pequenos. Ler antes de dormir? É uma estratégia… Ter um momento na tarde com a leitura em um parque ou gramado é outra. Independente do horário, o mais importante é a constância, é o desenvolvimento contínuo da ação de ler. Quer começar e não sabe como? Faça o exercício da agenda, escolha um horário que possa ser fixado, escolha um livro pequeno, leia um pouco todos os dias. Faça perguntas às crianças sobre o que foi lido. Resgate a ideia do que foi lido no dia anterior, estimule-a a pensar sobre o que acontecerá no trecho a ser lido no dia seguinte… Faça do livro uma ferramenta de questionamentos e criatividade.

Para os mais velhos, o exemplo continua sendo o melhor caminho. Além disso, é necessário treinar a autonomia. Escolha livros que possam interessar o núcleo familiar, converse sobre o tema, faça perguntas, associe a discussão a outros recursos como filmes, séries e músicas. Expandir o livro é uma forma de dar vida a ele.  Eu e minha filha mais velha temos o hábito de cozinhar e discutir os personagens, ela normalmente usa esse espaço para revelar suas impressões sobre o enredo e fazer suas críticas e apontamentos. É um momento único e nosso, íntimo e literário. Para quem está começando, sugiro colocar uma meta de páginas diárias e ir aumentando o número gradualmente ao longo das semanas… Ler um livro de 300 páginas parece impossível para algumas pessoas. Contudo, é mais fácil assimilar a leitura de 10 páginas por dia… E quando o mês terminar, não será mágica finalizá-lo!

Que sejamos mais como a Alice, sentada em sua árvore, degustando a leitura e que deixemos o coelho e sua luta contra o relógio apenas para as páginas dos livros. Controle sua rotina, controle seus hábitos. Para saber mais sobre esse tema, assista à live que eu e a psicopedagoga neurocognitiva, Thaís Nogueira, fizemos no início desse mês.

Acesse: https://www.instagram.com/reel/DG_SmFCvGgl/?igsh=ZzNyamkxMmt3eXZ0 

 

Gabriela Dimárzio - professora formada em letras pela Unicamp, pós-graduada em Gestão Escolar e Coordenação Pedagógica. Especialista em produção e revisão textual, gramática e aplicação de normas. Avaliadora de bancas de redação e língua portuguesa em vestibulares, Enem e concursos públicos.

Comentários:
Parceiros do Fontes Educacionais

Publicado por:

Parceiros do Fontes Educacionais

Textos publicados por profissionais parceiros do Espaço Fontes Educacionais com foco em educação desenvolvimento humano.

Saiba Mais

Veja também

Crie sua conta e confira as vantagens do Portal

Você pode ler matérias exclusivas, anunciar classificados e muito mais!