Recebo muito esse questionamento de familiares, desejam saber se o filho tem TOD (transtorno opositor desafiador).
Algo que sempre coloco é que temos que tomar cuidado para não “patologizar” demais as coisas. Se uma criança apresenta um comportamento inadequado, temos que entender quais são os eventos que estão eliciando esse comportamento e então, ajustar o ambiente e ajudar a criança a modular o comportamento. E ainda que tenha o transtorno, não é sentença, não é algo para simplesmente aceitar porque ele é assim. De novo, como podemos ajudá-lo na regulação.
Para ser enquadrado como TOD, precisa preencher três critérios: humor irritável, postura desafiadora principalmente diante de figuras de autoridade e índole vingativa. O diagnóstico é feito por psiquiatra ou neuropediatra com a ajuda de um psicólogo/neuropsicólogo. O diagnostico não é culpa dos pais, são causas multifatoriais (fatores biológicos, psicológicos e sociais). Às vezes, o comportamento pode ser confundido com o TDAH, pois neste transtorno (transtorno déficit de atenção e hiperatividade), subtipo hiperativo ou combinado, há muitos comportamentos impulsivos e disfuncionais. Mas eles podem coexistir, a impulsividade e a baixa tolerância a frustração do TDAH podem alimentar os comportamentos desafiantes do TOD, ao tempo que a desobediência do TOD pode piorar os problemas comportamentais do TDAH.
Mas aqui, quero propor uma outra reflexão: muitas vezes, tomamos atitudes e nem percebemos no quanto elas impactam no comportamento das crianças, ser permissivo demais, por exemplo, faz com que a criança não aprenda a respeitar figuras de autoridade (inclusive os próprios pais). Ser rígido demais, também os ensina que este é o único caminho para se resolver as coisas. Extremos nunca são bons. Melhor é sempre o caminho do meio.
Quais das atitudes dos pequenos são um pedido de socorro, um grito por atenção...
Não podemos fazer com que as crianças desistam delas mesmas, e o que eu quero dizer com isso? Que elas pensem: ah, sou assim mesmo, então vou ser assim. Que não acreditem que todo ser humano é capaz de se melhorar e progredir. Esse é o desafio da humanidade desde sempre. Todo empenho deve ser de motivá-las a se esforçar para ter um comportamento mais adequado. Reforço positivo: Encoraje as atitudes benéficas por meio de recompensas, seja elogio ou atividades prazerosas (dinheiro nunca). Os reforços positivos aumentam a frequência do comportamento desejado.
Faça a criança entender que toda ação tem uma consequência, se agiu mal, não basta pedir desculpas, tem que corrigir o erro. Exemplo que eu gosto de colocar: pedi um empréstimo no banco, e não vou honrar, posso ir até o banco e pedir desculpas ao gerente, que até pode me desculpar, mas a dívida permanece. Pedi um objeto a um amigo e deixei cair e quebrar. Posso pedir desculpas? Devo. Vai trazer o objeto de volta? Não! Então, o que eu tenho que fazer a respeito?
Não basta deixar de castigo ou retirar algo, pode inclusive se tornar aversivo. A criança pode inclusive se acostumar com a punição e nem se importar mais. Precisamos ajudá-la a refletir sobre, a mudar o curso do pensamento, a ser empático, respeitar os outros. Terapias (para a criança e para a família), práticas esportivas e de luta como judô, jiu-jitsu, taekwondo, karatê promovem disciplina, respeito, desenvolvimento físico e mental, afinal, como dizia Pitágoras: ensine a criança e não precisará castigar o adulto.

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