Em um mês dedicado à valorização da vida, cresce a urgência de debater bem-estar, saúde mental e produtividade sustentável. Dados oficiais do Ministério da Previdência Social mostram que, em 2024, o Brasil registrou 472.328 afastamentos do trabalho por transtornos mentais, número que representa um aumento de 68% em relação a 2023 e o maior da série histórica iniciada em 2014. Além disso, no primeiro trimestre de 2025, o país observou um crescimento de 28% no número médio de afastamentos mensais por saúde mental, em comparação à média de 2024. Mais de 90% desses casos estão relacionados à ansiedade, incluindo transtorno de ansiedade generalizada e quadros mistos ansioso-depressivos.
A atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), em vigor desde maio de 2025, passou a exigir que empresas avaliem riscos psicossociais, como estresse, sobrecarga de trabalho e assédio, dentro da gestão de Segurança e Saúde no Trabalho. Para a psicóloga Camila Simionatto, especialista em ansiedade, burnout, estresse e depressão, a saúde mental não é tema periférico e deve ser central na estratégia corporativa. “A NR-1 atualizada transforma essa pauta em obrigação, com fiscalização real. As empresas precisam responder com estruturas concretas, lideradas pela alta gestão”, explica Camila.
A precarização das condições de trabalho, caracterizada por metas irreais, jornadas exaustivas e insegurança, tem protagonizado a sobrecarga que adoece colaboradores e compromete resultados. Por isso, Camila Simionatto alerta que a mudança começa na liderança. “Quem ocupa posição de comando deve ser exemplo: criando espaços de acolhimento, oferecendo apoio em tempo real e valorizando a saúde mental como resultado, não como custo.”
Produtividade e felicidade: dados que impressionam
Pesquisas reforçam que colaboradores mais felizes apresentam ganhos de produtividade significativos. Estudos internacionais e nacionais apontam índices que variam de 12% a 31% de aumento no desempenho, além de reduções expressivas em rotatividade e absenteísmo. Organizações que priorizam o bem-estar de seus profissionais também reportam maiores taxas de inovação e até crescimento no lucro líquido. “Pessoas emocionalmente saudáveis não apenas adoecem menos, mas também entregam mais e com qualidade. Esse é o cerne da produtividade sustentável: bem-estar que gera desempenho”, explica a psicóloga
Público-alvo geral: como reconhecer e agir
Os sinais de exaustão e burnout podem incluir fadiga intensa, dificuldade de concentração, alterações no sono e no apetite, humor negativo, dores de cabeça frequentes e isolamento social. Identificar esses sintomas precocemente é essencial. Especialistas recomendam buscar ajuda psicológica já nos primeiros sinais, adotar limites claros entre vida pessoal e profissional, reservar tempo para descanso e lazer e, principalmente, dialogar sobre o tema em casa e no ambiente de trabalho. Nas empresas, a liderança deve estimular práticas como pausas, flexibilização de prazos e check-ins emocionais.
Sobre a psicóloga Camila Simionatto:
Camila Simionatto é psicóloga clínica, especialista em ansiedade, burnout, estresse e depressão, com sólida formação em Psicologia Clínica. Atuou por quase 20 anos em Recursos Humanos de grandes empresas, incluindo seis anos em uma multinacional americana, o que lhe proporcionou uma compreensão aprofundada dos impactos da saúde mental no ambiente corporativo. Hoje, alia a prática clínica ao trabalho de consultoria em saúde mental para organizações, oferecendo palestras e workshops fundamentados em ciência e alinhados à NR-1. Sua experiência a torna uma referência no diálogo entre ciência psicológica, vida pessoal e mundo corporativo.
@psi.camilasimionatto
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